Quais são as palavras que nunca são ditas? Todas as palavras que já foram ditas, escritas, pensadas, são senhoras, são velhas... Mas,sempre se renovam noutras mãos, noutros ouvidos, noutras bocas... E eu abri esta porta para as palavras terem onde conversar, quiçá tomar um chá... Convido-te a entrar e deixar o mundo afora, lá fora...
sexta-feira, 19 de maio de 2023
Paixões Machadianas
sábado, 13 de maio de 2023
Moça-Poema, Mulher-Canção
terça-feira, 25 de abril de 2023
Nigrum Homines
sábado, 22 de abril de 2023
Quando Se Der Conta...
terça-feira, 7 de março de 2023
Descansemos em Paz
segunda-feira, 23 de janeiro de 2023
Sem Tempo
domingo, 25 de setembro de 2022
Quatro Elementos de Nós
quarta-feira, 7 de setembro de 2022
Aprendendo a Nadar
terça-feira, 23 de agosto de 2022
Desapaixonando
domingo, 21 de agosto de 2022
Quatro
sábado, 20 de agosto de 2022
Sinto Muito
quinta-feira, 21 de julho de 2022
Santa Tristeza Desatadora de Nós
domingo, 5 de junho de 2022
Dona Morte
quarta-feira, 11 de maio de 2022
Última Vez
sábado, 1 de janeiro de 2022
Vôo pra Vida
terça-feira, 13 de abril de 2021
Terno Branco e Vermelho
segunda-feira, 15 de março de 2021
Pra Tua Festa, Não Me Covid
Tá com saudade do rolê,
Mas, não se importa se vai ter
O seu próximo aniversário.
Se fosse só você
Furar a pandemia e só morrer
Aí tudo bem
Você teve autonomia pra escolher
E essa sua egoísta covardia
Mata tua mãe, meu pai e a outra tia.
Diz que tem saudade do rolê
Mas, desde quando? Cê tem certeza?
Vi você dançando com um copo de cerveja.
Cheio de amigos sem máscara
Porque está claro pra quem viu
Um otário, solitário, querendo ser aceito
E tua máscara caiu.
Os leitos estão lotados
E você pode ter dinheiro pra comprar a cloroquina
Pense: se tua mãe pegar corona,
Vai morrer na fila, na esquina.
Um vírus pelos corpos
Um verme no poder
Quase 300 mil mortos
E você sorrindo, bebendo no rolê
E você é a bactéria do sistema
Transmissor da ignorância
"Se eu pegar não tem problema"
Olha o tamanho da arrogância
Você me dá ânsia!
Saudade de aglomerar,
Vontade de morrer
Vontade de matar
Não se posiciona claramente
Tem uma reputação a zelar
Mas, já sei quem é, de fato
E sei de que lado está
Nega a dor dos outros
E se acha especial
Seu egoísmo é grosseiro
Não está tudo normal.
No fim das contas, eu só acho
Que só tem uma explicação
Se esforça para ser quem não é
Para curar as feridas de um abandonado coração
Marcas de um passado repleto de rejeição
Não tem nada a perder, desafia a morte
Triste fim, gole de cerveja
Para espantar a solidão
Gole de covid
E você continua parado, caído,
Bem no seu velho lugar
O chão.
domingo, 15 de março de 2020
Almar
sábado, 28 de dezembro de 2019
É Preciso
terça-feira, 11 de junho de 2019
Canção Para Depois Que Eu Voltar
Deixe o meu prato posto
Lave as minhas roupas brancas
Quero usar meu panamá de fita vermelha
Tire os pés da minha cadeira
É lá que irei me sentar
E comer e beber e cantar
Arrastar tudo ali para poder dançar
Foi tão de repente
Foi cedo demais
Não deu tempo de entender direito
Quando me vi já não havia nada
Chamei, gritei, chorei, calei
Se eu soubesse que seria assim
Teria te abraçado outra vez
E teria dedilhado no violão
Aquela canção que eu fiz pra você
Me perdoe a pressa
Mas, foi preciso
Qualquer dia eu volto
Pode ser que não me veja
Por isso peço que sinta o vento em seus cabelos
Eu estarei ali
Boa noite, durma bem
Não se esqueça, não me esqueça,
Não esquente a cabeça
Tudo voltará ao seu devido lugar
Deixo esta singela canção
Para quando eu voltar.
domingo, 9 de junho de 2019
Morrer
Tudo vai ruindo
Se desconstruindo
Acabando, sumindo
É a vida se esvaindo
Por entre os dedos
E lá se vão os medos,
Os receios e os anseios
Os sorrisos e os choros
Lá se vão os suspiros,
Os gemidos, os latidos de cachorro
Que cortavam as madrugadas
E lá se vai a insônia
A fome, a razão, o calor,
O frio...
Esse não vai passar
Debaixo da terra deve ser bem frio
Frio e sem graça
Ainda bem que o espírito se desprenderá
E eu vou ter que aprender a voar
Pra quem sabe
Uma hora dessas renascer
E viver
E se decepcionar
E voltar a ruir
E tornar a morrer...
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019
Instantes
Somos instantes
Ninguém é pleno o tempo todo, nem nunca será...
Somos instáveis
Basta o tempo fechar pra tempestade cair no nosso copo d'água...
Somos evoluintes
Incompletos de nós mesmos, sem a necessidade de sermos o outro...
Somos o outro
Mas, só quando aprendemos a nos olhar profundamente nos olhos...
Somos tudo isso e mais um pouco,
No mínimo, o máximo!
Somos efêmeros
Duramos apenas um instante e o resto é silêncio.
E o que vale são as vezes em que sorrimos e perdemos o fôlego entre o amanhecer e o anoitecer,
Entre o nascer e o partir...
Morrer.
Quantas pessoas você viu nascer? Quantas viu morrer?
Quantas te veem? Quantas te ouvem? Quais delas te fazem sorrir? Quais fazem chorar? Quais fazem sonhar? Quais te matam?
Por quais você morre?
O que é a vida?
A vida é efêmera, pois nós somos instantes.
terça-feira, 10 de maio de 2016
Desvanecência ou O Sumiço de Mim No Teu Eu
Escute metade daquilo que falo
Mas, não ignore o inteiro que sinto...
Eu me importo
Me transporto
Mas não suporto
Desvanecer
Esvair
Estou me acostumando com o que não devia
Ausência
O presente que ganho a cada dia
É a ausência
Em breve sinto que também estarei ausente
E no lado em que eu dormia
Haverá meu vazio
Um bom vazio
Para quem está cheio de si...
Estou indo
Me esvaindo
Sumindo...
segunda-feira, 2 de maio de 2016
8 de Fevereiro
Raios, trovões e lágrimas
Sempre chove no dia oito
Sempre choro em fevereiro
E o carnaval outra vez acabou antes da quarta-feira
E tá tudo cinza faz dias
E tá tudo chuva faz horas
E tá tudo choro pra sempre
Perdi o jogo e agora?
Redefinir faz parte da rota?
Desanimar faz parte da luta?
Mas aí me vem esse loop de fevereiro
É tão difícil estar feliz por um ano inteiro?
Não eram as águas de março que fechavam o verão?
Lá vou eu juntar os cacos do meu coração
Que batia feliz quando te via
Só que não chovia, neste dia
Pelo menos chovendo assim
Não vai ser fácil perceber que eram lágrimas
Não vai ser fácil me esquecer daquela música
Vou querer sempre reviver esta outra época
Mesmo que sempre acabe assim, meio dramático, atônito
Mesmo que seja este meu choro um tanto trágico
Mesmo que eu fosse este poeta meio sarcástico
Que ri da morte de si mesmo, assim tão cínico
Quem dera fosse um cantador pra fazer música
Ou te abraçasse por seu medo de relâmpagos
E te olhar mais uma vez de forma cênica
Te roubo um beijo e te ofereço um amor límpido, esplêndido, platônico
Você me acorda e era só um pesadelo
Cara de choro, chuva na cara, tá no espelho
Dia ruim, este outro oito de fevereiro...
sábado, 30 de abril de 2016
Estações São Coisas Passageiras, Desça Na Que Achar Que Te Apetece
Desce na
Desce na
Desce na próxima
Desce na próspera
Desce na próxima estação
Estas são
As minhas recomendações
De cena
De cena sair
Desconstruir
Desatar
Decida
Decidida
Descida ao inferno
Decida ao inverno
Sair de cena
Descer na próxima
Descida ao inferno
Próximo desce
Próximo desse
Próximo deixe
Afaste-se
Perigo
Saída à esquerda
Próximo desce
Saída de cena
Descida na próspera
Decidida ao inverno
Invenção da lágrima
Placas invertidas
Caminhos dispostos em direções opostas
Siga em frente
Siga, enfrente
Levante a cabeça
Esqueça
Se aqueça e só
Se aqueça só
Desça...
quinta-feira, 17 de dezembro de 2015
Sobre as Intermitências da Vida e o Que Vem Depois
Mas, não sou obrigado.
Não sou obrigado a desistir de sonhar. A desconstruir a minha autoimagem no espelho e não reconhecer a força daquele que vejo, e dos muitos homens e mulheres que misturados formam-me assim, como sou, forte.
Me recuso a fazer dos tropeços uma desculpa para desistir.
Me recuso a seguir por caminhos que não são meus e a carregar pessoas que também não me pertencem.
Renuncio ao desejo de morrer sem antes ter me tornado um vivente pleno e completamente realizado, de corpo, mente e espírito.
Enquanto há vida, há e haverá ainda o desejo de viver. É um compromisso que assumi quando vim para este mundo.
Me coloco disponível para honrar o presente mais precioso que recebi, com todo o amor, de meus pais... a vida! A minha vida!
Me coloco disponível para passá-la para frente também com todo amor, assumindo todas as consequências.
Abro meu peito para que o amor entre e saia, para que eu dê e receba. E amo, profundamente
àqueles que se põe disponíveis a receber este amor.
Me coloco disponível e no meu lugar para exercer minhas verdadeiras funções como pessoa, homem, ser vivente, criativo, transformador, apto para continuar na construção diária da felicidade.
Já chorei cântaros e me orgulho de cada lágrima.
Mas, opto hoje por chorar emocionado após ouvir uma bela canção ou me alçar diante da singeleza do voo de uma borboleta.
Houve dias em que me afastei disso tudo, sim. Inclusive da gana de ver o amanhã, ou mesmo o próximo segundo, de sentir a próxima respiração.
Todas as minhas células se estremeceram e eu optei por ficar. Não me deixei ir embora.
Sei que os caminhos que ainda virão serão cheios de desafios e possíveis quedas. Mas, me concentro em me levantar sempre e me sentir muito bem com isso.
Eu sei quem fui e o que vivi.
Sei o que sou e o que estou vivendo.
Sei que o futuro pode parecer incerto, mas, sei onde quero chegar... no infinito, romper as barreiras do impossível e ir além.
Isso tudo que escrevi pode parecer apenas palavras soltas, palavras velhas. E pode ser que sejam mesmo, mas, uma única garantia eu tenho, de que são verdadeiras.
E neste enredo, só posso me sentir hoje a melhor pessoa do mundo (e sei que sou), apto para alçar novos voos feito borboleta e ser feliz. Eu honro a vida e passo-a à frente com todo amor.
Eu sou grato.
terça-feira, 16 de junho de 2015
A Menina do Trem
De Pirituba para a Luz.
De um lado uma menininha de uns 4 anos com a mãe, do outro a avó.
Trem quase lotado. A brincadeira dela era atravessar o trem em movimento.
Ops... tropeçou numa moça que olhou feio e pisou no meu pé.
Eu já fui criança também. Olhei-a e abri o maior sorriso.
Sei que o pisão foi sem intenção. Ela brincava. Eu sorri e ela sorriu.
Se desculpou com a gentileza de um sorriso singelo.
Ah, se os adultos conseguissem se lembrar disso de vez em quando...
* Ocorrido em 25 de maio de 2015
Sobre a Suposta Imobilidade Humana
As árvores estão lá.
Lá, plantadas.
Imóveis.
Imóveis?
Elas se movimentam!
Crescem...
Enraizam...
Balançam com o vento...
É por causa do vento, você irá me dizer.
E eu te direi que sim, que sei.
E você?
Você também se encontra imóvel.
Por que recusa se balançar ao vento?
Qual é o vento que te balança, afinal?
sexta-feira, 21 de novembro de 2014
Prece ao Inimigo Assumido Mas Não Declarado
Não me engano por sua fala macia ou por seu olhar manso, bondoso, quase misericordioso, quase santificado.
Não me engano pelo abraço amigo que finge dar, pelo riso forçado pra minha piada sem graça.
Não me engano pela pele de cordeiro que esconde a fera violenta, raivosa, invejosa que é você.
Egoísta e egocêntrico, adula àqueles que não te oferecem risco ou que te podem trazer benefícios e sabota quem te supera.
Faz de tudo para que todos te adorem, mas nem todos fecham os olhos sob as suas canções de ninar.
Quando ouso falar contigo engulo o gosto ruim da sua aura obscura e temo. Não sei o tamanho de vossa maldade camuflada de benevolência.
Não sou inimigo seu, não te odeio, não te invejo, nem guardo rancores de você. Mas, sei da não reciprocidade.
Peço hoje, oh criatura, quando me encontrar por aí, desvia, quando ouvir falar de mim, desvia.
Pessoa nefasta, se afasta, desvia, não me veja, não esteja, não seja.
Que assim esteja, que assim seja, amém.
quinta-feira, 20 de novembro de 2014
Hei de Morrer do Coração
Para os males do espírito, reflexão, meditação, oração...
Para os males do coração, paciência...
Essa porra dói mesmo, implacavelmente...
Rir das próprias mazelas é o que resta ao palhaço
Escrever sobre os próprios malogros é o que resta ao poeta...
Chorar é o que resta aos olhos...
Paciência, paciência, paciência...
Hei de morrer do coração antes de me acostumar com a paciência,
Antes de me habituar com a ausência...
segunda-feira, 28 de julho de 2014
Outro Dia Eu Me Encontrei II
A queda fez com que olhasse pra cima e visse a si mesmo lá embaixo, estendeu-se as mãos.
Com dificuldade levantou-se e caminharam de mãos dadas até o sol nascer novamente.
Dessa vez não dançaram, nem se abraçaram.
Ficaram apenas contemplando.
segunda-feira, 16 de junho de 2014
Manifesto Marginal
(Renato Russo)
Daqui da margem eu vejo
Vejo o lago, que outrora fora de águas cristalinas
Vejo os que se banham nele
Vejo o lago secar
Vejo os que se banham nele
Senhores feudais, capitães-do-mato, bobos da corte
Vejo seus corpos sujos da lama mais suja
Até o pescoço
E do pescoço pra cima ostentam sorrisos amarelos
E gritos de ordem
Que daqui da margem eu faço questão de não ouvir
Afinal, estou na margem...
Daqui da margem eu vejo
Vejo os capitães-do-mato perseguindo os que ainda tentam lutar, em vão
Vejo os senhores feudais contando seus vinténs
Vejo os bobos felizes ostentando suas migalhas
Vejo a miséria que suas ganâncias atraem
Vejo a lama se alastrar por onde passam, feito um tumor
Vejo a morte dos sonhos que não chegaram à margem
Vejo a morte dos corpos enfermos
Ouço as gargalhadas dos senhores
Mas, não sinto seus bafos de enxofre
Que daqui da margem eu faço questão de não sentir
Afinal, estou na margem...
Daqui da margem eu vejo
Vejo outros tantos marginais
Impedidos de nadar nos grandes lagos (hoje verdadeiros lamaçais!)
Mas, que aprenderam a chamar chuva
Chuva que vem do céu e purifica
Limpa os rancores, os ódios e atrai o bem
Que faz brotar na terra mais amor
Que faz brotar na mente novas ideias
Que faz nascer uma fonte marginal
De água cristalina, que jorra sem cessar
Água que é compartilhada entre todos nós, da margem
Água de gosto ruim para os senhores e os seus
Eles tentam parar a fonte e mais ela jorra
Tentam calar a voz e mais ela canta
Afinal, estamos na margem...
Daqui da margem eu vejo
Vejo o passeio da lua, o brilho das estrelas e sinto o calor do sol
Vejo sonhos, impensados no lamaçal, se tornarem realidade na margem
Vejo o nascimento de verdadeiros heróis...
Daqui da margem eu vejo
Aqui na margem eu vejo
Aqui na margem eu sinto
Aqui na margem eu não me escondo
Eu faço!
Blindado por cristal, mas, feito de aço
Não durmo, vejo tudo
Vejo o declínio do feudo
E a ascensão de um novo tempo
Pois então
Seja marginal, seja herói...
Saudade Todo Dia II
Naturalmente cheio de saudade
Um saudoso incorrigível
Sinto falta até de coisas que não vivi
De lugares que não conheci
De rostos que não vi
De livros que não li
De abraços, de beijos, de olhares que não dei
Mas, choro de saudade em silêncio
Não preciso ficar destilando à revelia.
(...)
Não guardo mágoas, raivas, ódios
Só lembranças boas
Não vivo de passado
É o passado que vive em mim
Me impulsionando a novos voos
Que decerto ficarão na memória
E serão saudade algum dia...
Afinal, como já disse outrora
Sinto saudade todo dia...
quinta-feira, 13 de março de 2014
Elegia ao Silêncio
Simples
Significativo
Sincero
Sintomático
Sinistro
Simbólico
Sintético
Sintático
Simpático
Siléptico
Sim, és tu
Silêncio!
Outro Dia Eu Me Encontrei
Me encontrei comigo mesmo
Fiquei tão feliz
Há anos que esperava este momento!
Eu tremi, suei frio, respirei fundo,
Foi o melhor abraço que ganhei da vida
Olhei no fundo dos meus olhos
E me tirei pra dançar...
domingo, 5 de janeiro de 2014
Provérbio II
Seja caridoso
Seja bom
Mesmo que de olhos fechados.
Não espere nem mesmo que te agradeçam.
Não conte nos dedos aqueles farão algo por ti
Sobrarão muitos dedos em uma mão.
Escolha presença, quando te oferecem presentes.
Sorria gratuitamente e não espere que lhe retribuam.
Não espere nada de ninguém,
Não crie expectativas sobre os outros
Assim evitará decepções.
Procure não se sintonizar com as energias dos problemas
Eleve-se para encontrar a solução.
O desespero nunca soluciona nada.
Pense antes de falar.
Fale o necessário.
Respire fundo.
Cante.
Não espere aplausos.
Encontre-se.
quinta-feira, 28 de novembro de 2013
Ando Vendo Borboletas
Para o lado que olho sempre há uma ali voando
Ando vendo borboletas
E elas andam vendo que lhes quero bem
Ando vendo borboletas
Soltas, livres, simplesmente borboleteando
Ando vendo borboletas
E tenho a certeza de que elas me veem
Enchem meus pulmões de ar
Enchem minha cabeça de sonhos
Enchem meu coração de esperança
Enchem meus olhos de alegria
E acalmam o meu espírito diante das inquietudes da vida
Ando vendo borboletas
E a liberdade que eu ganho em vê-las me deixa voar
Ando vendo borboletas
E esqueço que nenhum problema é maior que a solução
Ando vendo borboletas
E fico pleno, satisfeito, com vontade de cantar
Ando vendo borboletas
E encontro o equilíbrio entre a razão e a emoção
Ando vendo borboletas
Borboleteio vendo os andares
Ando borboleteando as vistas
Vejo andares borboleteantes
Borboleteio as vistas de quem anda
Vejo borboletas andantes
Ando vendo borboletas
A pequenina do rosal
E a que faz chocolate para a madrinha
Ando vendo borboletas
E elas fazem com que eu me liberte
Com que eu transcenda
Com que eu evolua
Com que eu cresça
Com que eu pare para vê-las...
quarta-feira, 24 de julho de 2013
Amor, Amor
É linda a sensação
De ser alguém,
Parte de você,
De serem vocês partes também
De um outro alguém
A quem tomei como face
Perfeita e encantante
De um sentir sagrado
Onde qualquer ausência
Dupla, tripla ou una
Faz desdobrar aqui no peito
Um papel azul clarinho
Com letras amarelas
Desenhando saudade
Me fazendo lacrimar...
Amor incondicional
Quiçá exagerado
Instinto protetor
Amor, amor
Profundo qual o mar dos olhos seus
Onde mergulho, encontrando-me
E explodo num sorriso
Ao seus jeitos de sorrir
Lhes canto minha alegria
Seus caminhos de dormir
Lhes faço poesia e primavera
Na espera dia a dia
Dos seus dias de florir
Feito a linda flor
Que lhes guardou, sementes
Paciente e lhes trouxe à luz
Minha sensação mais terna de amor...
Minhas pequenas
Minhas grandes
Minhas ilhas
Primaveras, verões
Emoções
Maravilhas
Canção de coração
Canção de Elis
Canção de Alice
Canção de amor
Amor de filhas...
(Texto de Fevereiro de 2011)
quarta-feira, 17 de abril de 2013
Não Devo Discutir Com Idiotas!
Não devo discutir com idiotas!
Não devo discutir com idiotas!
Não devo discutir com idiotas!
Não devo discutir com idiotas!
Não devo discutir com idiotas!
Não devo discutir com idiotas!
Não devo discutir com idiotas!
Não devo discutir com idiotas!
Não devo discutir com idiotas!
Não devo discutir com idiotas!
Não devo discutir com idiotas!
Não devo discutir com idiotas!
Não devo discutir com idiotas!
Não devo discutir com idiotas!
Não devo discutir com idiotas!
Repetindo feito um mantra
Em minha alma há alguém que canta
Canta contra os instintos primitivos
Que me faz matar os inimigos
Jogando meu veneno pela boca
Proferindo frases duras com voz rouca
E tremendo com a ira à flor da pele
Tentando frear a força que me compele
Exausto de palavras eu repito
Para que meus ouvidos ouçam, então eu grito
Buscando me livrar do que incomoda:
Não devo discutir com idiotas!
terça-feira, 2 de abril de 2013
Pequenas Tragédias Cotidianas Nº3
Um nó na garganta. Uma vontade de chorar. Muito.
Chorar durante horas. Dias. Chorar até cansar.
Rios, mares, represas. De lágrimas bem choradas.
Angustiado, aflito. Sei que meu grito não será ouvido.
Por mais que seja alto. Por mais que seja forte.
Por mais que eu não queira a morte. Por mais que...
Vou pular...
Não adianta...
Mais...
Não adianta mais...
Sem saída...
Sem rumo...
Sem prumo...
Sem forças...
Vou ser capa. Deitar na maca. Morto babaca.
Se desfazendo de sua própria vida.
E escrevendo uma carta suicida.
[Salto]
{Queda}
"HOMEM PULA DO VIADUTO E SE ESTATELA NA AVENIDA SOB O TRÂNSITO CAÓTICO DA CAPITAL PAULISTA E CORPO DESAPARECE DEBAIXO DOS PNEUS."
domingo, 31 de março de 2013
Pequenas Tragédias Cotidianas Nº 2
Vestido. Sandálias. Barba. Chapéu.
Ondas. Luau. Areia. Céu.
Canção. Violão. Sorrisos. Paixão
Cheiro. Gosto. Rosto.
Tato. Olfato. Paladar.
Mãos. Cabelos. Pelos.
Gemidos. Suspiros. Banho. Mar.
Tempo. Distância.
Barriga. Criança.
Ausência. Falta. Fome. Dor.
Dinheiro. Juiz. Cadeia.
Revolta. Fuga. Briga.
Sangue. Morte. Fim
quinta-feira, 28 de março de 2013
Pequenas Tragédias Cotidianas
Desencarnou de um lugar onde já não havia carne, eram ossos apenas e uma pele dura. De sol a sol, de pó a pó, de frio a frio.
Em vida, já era um fantasma. Não tinha noção de horas, dias, anos, nome, endereço, família, nada. Não tinha lembranças.
Nos últimos tempos já nem se lembrava como era falar, depois de tantas tentativas, sem sucesso, de ser ouvido.
No início ainda tinha consciência, quando sóbrio. Lembrava-se de onde vinha e porque estava ali. Mas, o tempo foi passando e foi se criando uma consciência flutuante, que servia apenas para os fatos recorrentes em seu dia-a-dia nas ruas.
E um dia resolveu se instalar na esquina de uma rua movimentada, sob a porta de uma velha padaria que não funcionava mais. Ali ficou cumprindo sua pena de vida. Ainda neste tempo a chuva o incomodava.
O papelão que servia de cama, depois de uma chuva que durou quase uma semana, grudou-se em seu corpo. Fixou-se em sua casca. Ele não era negro, nem branco, nem pardo, nem bugre. Era da cor da sujeira. Da cor do chão. Do limbo. Do chorume. Fedia.
Algumas semanas antes de sua passagem teve momentos de lucidez e tentou se levantar. Não conseguiu. Tentou gritar, mas, sua boca sequer abriu. Decidiu que este mundo já não servia para si.
Mas, quem disse que ele poderia decidir algo? Quanto mais sobre si, se ele mesmo já nem existia há tempos. E foi morrendo aos poucos.
O corpo apodrecido pela vida jazia ali aos pés dos transeuntes e ninguém percebeu quando o coração não batia mais. Quem ia se importar? Era só mais um.
O corpo se foi. O que restou ficou por ali, na mesma posição. Sem acreditar em nada, sem querer mudar. Não assombrava, não atormentava, não se encostava em ninguém. Esperava sem esperança, esperava sem esperar.
Diante da ideia que lhe deu na cuca sobre a imortalidade da alma ele riu e disse pra sua própria ideia que aquilo era bobagem. Onde já se viu?!
Quando ouviu sua própria voz, tomou um susto. Resolveu se levantar e saiu caminhando em busca de alguma resposta, em busca de alguma luz.
segunda-feira, 25 de março de 2013
História de Filme Que Deixa a Gente Com Raiva no Fim
Ela estava saindo para o almoço quando o inesperado fez um surpresa. Um vagabundo qualquer que liderava um bando de bandoleiros do asfalto quente pegou-a pelo braço e disse "nós vamos ali, neném!".Seu coração faltou sair pela boca, nunca havia suado tão frio na vida. O cara saiu rua afora arrastando-a e ela num misto de medo e vontade de gritar, seguia a trilha sem titubeios.
Nunca tivera se sentido tão segura na vida. O vagabundo canalha tinha uma pegada, mil vezes maior do que a do frouxo do namorado. Que perdia tempo com imbecilidades do tipo flores e poesia. Esse não, era diferente, era másculo, forte, poderoso.
Envolta em pensamentos quase eróticos, ela chegou no cafofo, onde outros homens armados fizeram reverência ao rei. "É aqui, neném, tá afim de morar aqui comigo? Largue toda a sua vidinha de almoço de domingo-parque-missa. Grana, segurança, pegada forte e tudo o que você achar que tem direito nesse mundo. Tá afim?"
Ao invés do bandido, quem se rendeu foi a refém e caiu na cama do crápula.
Enquanto isso, o namorado esperava uma resposta. E esperou e chorou todo o tempo em que a polícia a procurava, a família se desesperava com o sumiço repentino da moça de família que se foi com um vagabundo qualquer raptada na hora do almoço.
Uns choravam e ela comemorava. Virou a primeira-dama do crime, aprendeu a atirar, fumar e outras coisas que não convém contar. Tornou o vagabundo um empresário do crime, mudou seu guarda-roupas e sua forma de falar. Fez o negócio prosperar.
O ex vagabundo já estava tão feliz com os negócios que sonhava em largar o crime. Mas, toda que essa ideia lhe passava pela cabeça e escorria-lhe pelos lábios ela dizia "Tá querendo fuder o negócio, pô? Vou estourar sua cabeça na próxima vez em que cogitar honestidade nesse lugar!"
Ele chorou. Aquele que no começo do texto eu tratei de vagabundo e que a esta altura do campeonato tornou-se ele, chorou.
Foram se deitar. Já fazia dois anos que o tal do ex namorado havia mandado o e-mail e até agora ela não tinha aberto ainda e ninguém sabia por onde ela andava.
Naquela noite, o homem durão, cheio de pegada, que fazia e acontecia, havia chorado. Não se sabe se era raiva, vontade de voltar no tempo e não agarrar ninguém na rua, não se sabe.
"Seu porra, pega um drink pra mim"
"Seu porra? Seu porra?" Aquelas palavras fizeram a cabeça dele girar. E ele caiu, teve um acidente vascular cerebral. Morreu ali mesmo. E ela disse aos empregados "Seus merdas, tirem esse porra daqui! Joguem no lixo, toquem fogo, mas, não quero mais saber dele, morreu, morreu, que deuzutenha!"
Resolveu ir ao computador do falecido e abrir sua velha caixa de e-mail. Quando viu aquele com título "Com Todo o Amor que Houver Nessa Vida" e o remetente sendo o ex namorado, uma lágrima escorreu, ela deu um quase sorriso e clicou para abrir o e-mail. A polícia chegou trocando tiros com os capangas, agora dela. O primeiro atingiu o monitor do computador, o segundo sua testa. É, não deu tempo.
quinta-feira, 21 de março de 2013
Provérbio
Se és estrela-do-mar
Mesmo que te esforces
Nunca, o sol, serás
Brilhe tua própria luz
Sê estrela,
Assim o brilho d'outra
Não te ofusca
Faça da tua busca
Algo bom de se sorrir
Não te entristeças
Pelo vencedor
Ganhe tuas guerras
Vá pela senda do amor
Principalmente do auto-amor
Não invejes
Mesmo emanando negatividade
Nunca serás o outro
Nunca estarás no lugar dele
Nunca sorrirás seus sorrires
Nunca dormirás seus sonos
Podes destruí-lo
Mas, nunca sê-lo
Levanta-te, invejoso
Não rastejes,
Mata a víbora
Que se alimenta de ti
Mata-te e nasce de novo
Renova-te!
E não invejes!
segunda-feira, 21 de janeiro de 2013
Homo Sapiens?
A coisa anda tão feia que, em breve, os animais andarão pelos corredores das cadeias jogando amendoins e tirando fotografias.
Levarão seus filhotes para passear aos domingos, para ver os humanos em suas jaulas.
E neste dia haverá rebelião. Os humanos não aguentariam ser ridicularizados, terem seus egos feridos.
Só que a rebelião ficará da grade pra dentro- eles não teriam coragem de sair e enfrentar os gorilas e elefantes.
Como de costume, queimarão colchões e morreriam asfixiados ou queimados. Todos, um por um, produzindo um hecatombe.
E isso ia se repetir a cada domingo, em todos os presídios onde todos os seres humanos estariam presos (ou será que alguém estaria livre das mazelas humanas e afim de trabalhar sua animalidade?).
Quando todos os humanos estiverem extintos, haverá paz e a natureza poderá se tranquilizar e ser curtida à vontade.
[...]
E você o que faz pra ser mais animal? Ama? Respeita? Cuida?
Ego Rude
Descalço, pés sujos...
Que asco eu sentiria se não fosse este um músico...
Que asco eu sentiria se não fosse um mítico...
Que asco eu sentiria se não fosse um mágico...
Que asco eu sentiria se não fosse no mínimo: eu...
Não, não sou o máximo...
Talvez um cara prático,
quase nada plástico,
que se faz de elástico pra dobrar táticas bélicas e patéticas
de tornar metódicas as coisas poéticas
e o orvalho cíclico que nos deixa atônitos, me olha de soslaio e sorri irônico...
Cínico! Mágico! Trágico!
Saudade Todo Dia
Que ainda hão de ficar na saudade também.
Como este ano passou rápido, meu cabelo cresceu
Minha barba tá enorme, amanhã é natal
Sinto falta da minha vó, sinto saudade todo dia.
domingo, 20 de janeiro de 2013
Proparoxítonas Soltas
Fez-se lívido, pálido, esquálido
Quiçá inválido
Quando ouviu a tal música
Feita pra deixar atônito
Todo sentimento sórdido
Pra sair de forma trôpega
Precisando tomar fôlego.
E quem tiver ideias flácidas
Sentirá queimar o estômago
Agirá como um sonâmbulo
Retumbantemente impávido
Caminhará pela necrópole
Tomará pra si a lápide
E escreverá seu texto último:
O tolo ri-se sem estímulo
E toda gente acha o cúmulo
Mas, a nobreza tange o espírito
Dos que buscam ser o único
O único a tornar-se célebre
É o bobo que chora ouvindo música.
Cinquenta Marrons de Bosta (A História Trágica de Jarbas e Leila)
AVISO: SE ACHOU O TÍTULO UMA BOSTA, NÃO CONTINUE LENDO!
O TEXTO TENDE A SER PIOR! E O FINAL, PODE ESPERAR, SERÁ NOJENTO!
LEIA O PRÓXIMO TEXTO QUE PODE SER BEM MELHOR QUE ESTE!
Jarbas teve uma infância normal. Era um garoto estudioso e feliz. Até o dia que marcou sua vida para sempre.
Naquele fatídico dia, Jarbas chegou da escola, adentrou a sala e ouviu gritos de sua mãe. Seu pai, tal qual o pai do doutor Sabino (já leu Nelson Rodrigues??), morreu em meio a um mar nojento e marrom. Não teve nem a oportunidade de ter, como ato derradeiro, o apertar da descarga. Esse foi o primeiro marrom que Jarbas guardou em sua memória de menino de 12 anos.
A cena chocou. Obsecou. Parava horas a fio observando os cães fazerem suas necessidades na rua e depois se aproximava pra ficar contemplando. Analisava cor, tamanho, cheiro, textura.
Jarbas foi crescendo e ganhando novas manias ao redor do fétido assunto. Uma delas era ouvir pessoas fazendo o popular número 2. Quando era possível até gravava os sons e ficava ouvindo, ouvindo, como se fosse música clássica.
Gostava também de espiar este ato sublime e íntimo. Qualquer oportunidade que tinha ou grudava o ouvido na porta ou o olho na fechadura.
Mas, ao mesmo tempo, carregava em si um medo tamanho de morrer feito seu pai.
Nas suas horas, tidas como sagradas, eu sempre seguia o mesmo ritual: lavava as mãos antes e depois, sempre levava consigo algo reconfortante para ler e uma garrafa d'água. Nunca tinha contato direto com o vaso sanitário, forrava-o com muito papel higiênico, talvez pra se preservar de ser contagiado pelo mal do pai cagão.
Jarbas, terminou o colégio, fez faculdade: biologia. Especializou-se em estudar as formas de excreção no reino animal.
Já tinha mais de 25 anos quando teve sua primeira namorada. (Outras vezes teve apenas romances curtos com diversas garotas, que normalmente o abandonavam por conta de algumas excentricidades. Observar cocôs de cachorro, por exemplo.)
Leila era linda, corpo escultural, inteligentíssima, simpática, conquistou Jarbas num primeiro contato. Claro, tinha que ser na porta do banheiro do shopping, enquanto ambos esperavam seus irmãos mais novos.
Jarbas era um gentleman, apesar de tímido e de se esconder por detrás dos óculos e da barba rala, sabia bem como falar às mulheres.
Começaram a namorar muito rápido. Paixão quente, fumegante, feito... enfim, deixa pra lá.
(...)
Num dia, Jarbas foi visitar Leila, que estava sozinha no apartamento que dividia com a irmã mais nova e uma prima do interior. Ela vestia uma camisetinha branca curta, que deixava a barriga à mostra e um shorts jeans, feito com uma velha calça desbotada. Ele uma camiseta branca básica e um bermudão cáqui. Quando a viu, desejou-a mais que em todos os outros dias. Ela sabia como provocá-lo e aquela era a grande oportunidade de se "conhecerem melhor".
Em poucos minutos já estavam nus se olhando. Ele deu passos à frente e sorriu, um sorriso nunca visto antes por ela. Leila disse: já volto! E ele ficou atento, pode ser que ela fosse ao banheiro. Ao perceber que se tratava de problemas gastro-intestinais, correu à porta do banheiro. Entrou sem bater.
Leila deu um grito e tentou se esconder entre seus braços. O cheiro estava terrível e ela morrendo de vergonha. Jarbas estava louco. Olhos arregalados. Mãos trêmulas. Quase babava. Foi a primeira vez em quase 15 anos que vira alguém vivo no ato sublime da defecção.
Empurrou Leila para o lado, ajoelhou-se na frente do vaso e contemplou, ficou horas ali. Ela ainda tentou apertar a descarga, mas, ele impediu-a com o olhar apenas. E ela ficou em estado de choque, com a bunda colada no box. E ele ali estático. Plástico. Cínico. Clínico. Ilógico. Irreal. Imaterial. Inerte.
Passava das dezenove horas quando Leila saiu de seu transe e viu que Jarbas continuava ali. Ela saiu devagar, na ponta dos pés. Trancou a porta do banheiro. Vestiu-se e saiu.
Por volta das vinte e duas horas, ela voltou com a mãe dele, dois policiais e três amigos. Abriram a porta e...
Jarbas havia desaparecido. Não existia essa possibilidade, a janela era pequena e tinha grades. A porta não tinha como ser aberta depois de trancada por fora.
Mas, um fato intrigou os presentes: o vaso estava vazio.
Será que Jarbas fora sugado pelo vaso sanitário do apartamento de Leila?
Vasculharam o apartamento. Verificaram as câmeras dos corredores. Nem sinal de Jarbas.
(...)
Leila foi presa, acusada de assassinato e ocultação de cadáver.
Em momentos de grande tensão ela sofria com as pressões intra-intestinais, e assim que chegou à carceragem viu-se sem saída. Teve que enfrentar o banheiro do xilindró. Ao entronar-se, sentiu algo encostando em suas partes, logo reconheceu a mão de Jarbas que saia vaso afora procurando por ela.
Um grito. Um susto. Um colapso. Um coração que já não bate mais.
Leila infartou e morreu ali mesmo, chafurdada em suas próprias escatologias, tal qual o pai de Jarbas.
Dois meses depois da morte de Leila na prisão, a mãe de Jarbas estava em casa rezando o costumeiro terço às dezoito horas quando o filho bateu à porta e entrou. Fedia.
Sorriu, com os poucos cacos que lhe restavam como dentes e seguiu até o banheiro, onde o pai morrera. A mãe que estava muito assustada, não conseguiu dizer nada apenas seguiu o filho.
Ele sentou-se no sagrado vaso e desfez-se num lamaçal fétido e marrom. Não sobrou nenhuma parte inteira, desfez-se num multicolorido lamaçal marrom. Desfez-se em cinquenta marrons de bosta.
Toda Palavra é Obscena
Toda palavra é obscena
Se insinua, se desnuda
Se mostra, se oferece
Faz uma dança sensual
Cativa e cria paixões
E o leitor diante de sua demência voyeur
Orgasmaravilha-se
Deleita-se
Torce-se e retorce-se
Respira fundo
Engole o nó da garganta e lê.
terça-feira, 15 de janeiro de 2013
Profissão: Artista I
O artista tem que ser um grande inconfomado, isso faz com que sua busca seja constante e sua obra seja significativa...
Enquanto houver artistas que se reviram na cama por um ideal ou "apenas" uma boa ideia, que fazem o que tem de ser feito, mesmo que isso seja incômodo pra muitos, ainda poderemos acreditar que nem tudo está perdido...
quinta-feira, 10 de janeiro de 2013
Paixão da Flor Madrugadeira Que Morreu Antes Mesmo de o Sol Sair
Desfaz o botão e
Olha por entre as pétalas de outras flores
De onde vieram aquelas gotas de orvalho?
Não sabe se sorri ou se olha
Não sabe se respira ou se despe-se
Seca, despetala e morre
quarta-feira, 2 de janeiro de 2013
Ao Velho Raul
Ao amigo e avô "emprestado", que cumpriu seu ciclo por aqui, Seu Raul...
A vida é realmente um ciclo
Ciclo de água corrente, que vai, vai e vai...
Traz pessoas que vão fluindo, flutuando conosco durante parte do
percurso
E, de repente uma correnteza um pouco mais forte leva estes de
nós...
Alguns ainda voltamos a encontrar no mesmo rio em algum momento da vida, se necessário.
Outros, só quando a gente também for desaguar no mar...
E esse não é o mar da saudade que nos resta, pra chorar
Este é o mar da vida
Vida que não acaba por aqui, como essa pequena estrofe.
segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
Ciclo
o agora há pouco
será ontem e o ontem
já será ano passado!
O ano passado vai ser só saudade
E a saudade trará algo de outrora
E essa outra hora pode ser daqui a pouco.
Morre um Vagabundo
Lamentam, os amigos.
Festejam, os inimigos.
Choram, as viúvas.
Surgem, os filhos.
Reclamam, os cobradores.
Tranquilizam-se, os devedores.
Aliviam-se, os pais.
Velam-no, os curiosos.
Apura, a polícia.
Acompanham-lhe, as moscas.
Devoram-no, os vermes.
Recebe-o, o diabo.
Santifica-o, o algoz.
Esquece-o, a sociedade.
Esquecer? A quem?
Antes mesmo de nascer já era um predestinado ao esquecimento
Já nasceu sendo ninguém e jaz na vala da indigência até hoje, morto
Putrefazendo-se como símbolo máximo de sua vaidade de vagabundo.
Não chegou a ser um problema social
Nem foi visto, tampouco citado.
Morre um vagabundo, e daí?
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
Um Pouco Mais Tarde Ele Voltou e Fez
Não pensava em outra coisa além de cumprir sua promessa.
Os outros não acreditavam que ele fosse capaz de tal, por isso se esqueceram das palavras outrara ditas em tom de ameaça. Foram dormir.
Um pouco mais tarde ele voltou e fez.
Duas Bexigas Voando Sob a Lua Cheia
A lua estava com aquela cor meio flicts*.
E eu, chegando em casa quando vi.
Duas bexigas brincavam sozinhas com o vento pelo meio da rua.
Uma rosa e uma azul.
De vez em quando uma subia mais que a outra e num instante estavam juntas de novo, como se fosse um pega-pega.
Era possível ver sorrisos nas bexigas, como se fossem as próprias crianças.
Rodopiavam, subiam, desciam, mas, nunca ficavam paradas.
Movimentos insistentes sob o olhar generoso da lua e a companhia inevitável do vento.
Não me importa saber de onde vieram, só queria saber pra onde elas iam tão felizes.
Provavelmente acabar estouradas pelos pés de alguém que não sorri.
Foi singelo. E eterno.
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
Palavras Soltas
E aí passam grande parte do tempo tentando explicá-la.
As pessoas são uma complicação só.
Nunca se sabe o que tem por trás de um sorriso amistoso num domingo à mesa num almoço de família.
A gente se surpreende e se decepciona tanto, tantas vezes com quantas gentes.
Mas, cada um tem o que precisa ter das pessoas para aprender...
Aprender a não virar as costas para os nossos, principalmente quando eles precisarem de nós, pois quando for a nossa vez de precisar, eles podem não estar mais por ali...
Isso não é uma lista de conselhos, é uma lista de ideias, de coisas que a gente faz, refaz ou nunca faz.
Deixo como ideias amar, fazer caridade, acreditar nas pessoas (até que estas provem que não o merecem), rir e muito. Ter fé.
A fé não remove montanhas, mas, te deixa forte pra ir às montanhas, subir e lá do alto gritar: eu estou aqui e foda-se!
A vida é isso, eu estou aqui e foda-se. Enquanto eu não estiver prejudicando ninguém, influindo no destino de ninguém, eu posso escolher fazer o que quero e foda-se de novo.
Posso parecer mal educado, mas, quem aqui disse que precisamos aparentar isso ou aquilo pra este ou aquele? Enquanto eu puder escolher, eu vou fazer o que quero e ser feliz, um dia por vez, um pouco por vez, do meu jeito, à minha maneira.
Não me cabem rótulos, por mais que os tenha. Não me cabem descrições, por mais que a façam. Não me cabem críticas, por mais que eu erre. Me cabe a minha imperfeição humana em busca da evolução.
A vida é simples.
E curta.
Curta!