sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Prece ao Inimigo Assumido Mas Não Declarado

Não me engano por sua fala macia ou por seu olhar manso, bondoso, quase misericordioso, quase santificado.

Não me engano pelo abraço amigo que finge dar, pelo riso forçado pra minha piada sem graça.

Não me engano pela pele de cordeiro que esconde a fera violenta, raivosa, invejosa que é você.

Egoísta e egocêntrico, adula àqueles que não te oferecem risco ou que te podem trazer benefícios e sabota quem te supera.

Faz de tudo para que todos te adorem, mas nem todos fecham os olhos sob as suas canções de ninar.

Quando ouso falar contigo engulo o gosto ruim da sua aura obscura e temo. Não sei o tamanho de vossa maldade camuflada de benevolência.

Não sou inimigo seu, não te odeio, não te invejo, nem guardo rancores de você. Mas, sei da não reciprocidade.

Peço hoje, oh criatura, quando me encontrar por aí, desvia, quando ouvir falar de mim, desvia.

Pessoa nefasta, se afasta, desvia, não me veja, não esteja, não seja.
Que assim esteja, que assim seja, amém.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Hei de Morrer do Coração

Para os males do corpo, remédios, repouso...
Para os males do espírito, reflexão, meditação, oração...
Para os males do coração, paciência...
Essa porra dói mesmo, implacavelmente...
Rir das próprias mazelas é o que resta ao palhaço
Escrever sobre os próprios malogros é o que resta ao poeta...
Chorar é o que resta aos olhos...
Paciência, paciência, paciência...
Hei de morrer do coração antes de me acostumar com a paciência,
Antes de me habituar com a ausência...

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Outro Dia Eu Me Encontrei II

Era noite quando caiu.
A queda fez com que olhasse pra cima e visse a si mesmo lá embaixo, estendeu-se as mãos.
Com dificuldade levantou-se e caminharam de mãos dadas até o sol nascer novamente.
Dessa vez não dançaram, nem se abraçaram.
Ficaram apenas contemplando.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Manifesto Marginal

"Podem até maltratar meu coração, que meu espírito ninguém vai conseguir quebrar..."
(Renato Russo)


Daqui da margem eu vejo
Vejo o lago, que outrora fora de águas cristalinas
Vejo os que se banham nele
Vejo o lago secar
Vejo os que se banham nele
Senhores feudais, capitães-do-mato, bobos da corte
Vejo seus corpos sujos da lama mais suja
Até o pescoço
E do pescoço pra cima ostentam sorrisos amarelos
E gritos de ordem
Que daqui da margem eu faço questão de não ouvir
Afinal, estou na margem...
Daqui da margem eu vejo
Vejo os capitães-do-mato perseguindo os que ainda tentam lutar, em vão
Vejo os senhores feudais contando seus vinténs
Vejo os bobos felizes ostentando suas migalhas
Vejo a miséria que suas ganâncias atraem
Vejo a lama se alastrar por onde passam, feito um tumor
Vejo a morte dos sonhos que não chegaram à margem
Vejo a morte dos corpos enfermos
Ouço as gargalhadas dos senhores
Mas, não sinto seus bafos de enxofre
Que daqui da margem eu faço questão de não sentir
Afinal, estou na margem...
Daqui da margem eu vejo
Vejo outros tantos marginais
Impedidos de nadar nos grandes lagos (hoje verdadeiros lamaçais!)
Mas, que aprenderam a chamar chuva
Chuva que vem do céu e purifica
Limpa os rancores, os ódios e atrai o bem
Que faz brotar na terra mais amor
Que faz brotar na mente novas ideias
Que faz nascer uma fonte marginal
De água cristalina, que jorra sem cessar
Água que é compartilhada entre todos nós, da margem
Água de gosto ruim para os senhores e os seus
Eles tentam parar a fonte e mais ela jorra
Tentam calar a voz e mais ela canta
Afinal, estamos na margem...
Daqui da margem eu vejo
Vejo o passeio da lua, o brilho das estrelas e sinto o calor do sol
Vejo sonhos, impensados no lamaçal, se tornarem realidade na margem
Vejo o nascimento de verdadeiros heróis...
Daqui da margem eu vejo
Aqui na margem eu vejo
Aqui na margem eu sinto
Aqui na margem eu não me escondo
Eu faço!
Blindado por cristal, mas, feito de aço
Não durmo, vejo tudo
Vejo o declínio do feudo
E a ascensão de um novo tempo
Pois então
Seja marginal, seja herói...

Saudade Todo Dia II

Eu sou nostálgico
Naturalmente cheio de saudade
Um saudoso incorrigível
Sinto falta até de coisas que não vivi
De lugares que não conheci
De rostos que não vi
De livros que não li
De abraços, de beijos, de olhares que não dei
Mas, choro de saudade em silêncio
Não preciso ficar destilando à revelia.
(...)
Não guardo mágoas, raivas, ódios
Só lembranças boas
Não vivo de passado
É o passado que vive em mim
Me impulsionando a novos voos
Que decerto ficarão na memória
E serão saudade algum dia...
Afinal, como já disse outrora
Sinto saudade todo dia...

quinta-feira, 13 de março de 2014

Elegia ao Silêncio

Singelo
Simples
Significativo
Sincero
Sintomático
Sinistro
Simbólico
Sintético
Sintático
Simpático
Siléptico
Sim, és tu

Silêncio!

Outro Dia Eu Me Encontrei

Outro dia eu me encontrei
Me encontrei comigo mesmo
Fiquei tão feliz
Há anos que esperava este momento!
Eu tremi, suei frio, respirei fundo,
Foi o melhor abraço que ganhei da vida
Olhei no fundo dos meus olhos
E me tirei pra dançar...

domingo, 5 de janeiro de 2014

Provérbio II

Seja gentil
Seja caridoso
Seja bom
Mesmo que de olhos fechados.
Não espere nem mesmo que te agradeçam.
Não conte nos dedos aqueles farão algo por ti
Sobrarão muitos dedos em uma mão.
Escolha presença, quando te oferecem presentes.
Sorria gratuitamente e não espere que lhe retribuam.
Não espere nada de ninguém,
Não crie expectativas sobre os outros
Assim evitará decepções.
Procure não se sintonizar com as energias dos problemas
Eleve-se para encontrar a solução.
O desespero nunca soluciona nada.
Pense antes de falar.
Fale o necessário.
Respire fundo.
Cante.
Não espere aplausos.
Encontre-se.