sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Prece ao Inimigo Assumido Mas Não Declarado

Não me engano por sua fala macia ou por seu olhar manso, bondoso, quase misericordioso, quase santificado.

Não me engano pelo abraço amigo que finge dar, pelo riso forçado pra minha piada sem graça.

Não me engano pela pele de cordeiro que esconde a fera violenta, raivosa, invejosa que é você.

Egoísta e egocêntrico, adula àqueles que não te oferecem risco ou que te podem trazer benefícios e sabota quem te supera.

Faz de tudo para que todos te adorem, mas nem todos fecham os olhos sob as suas canções de ninar.

Quando ouso falar contigo engulo o gosto ruim da sua aura obscura e temo. Não sei o tamanho de vossa maldade camuflada de benevolência.

Não sou inimigo seu, não te odeio, não te invejo, nem guardo rancores de você. Mas, sei da não reciprocidade.

Peço hoje, oh criatura, quando me encontrar por aí, desvia, quando ouvir falar de mim, desvia.

Pessoa nefasta, se afasta, desvia, não me veja, não esteja, não seja.
Que assim esteja, que assim seja, amém.

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