domingo, 25 de setembro de 2022

Quatro Elementos de Nós



Tanta tanta coisa
Aconteceu por tantos dias
E eu, passageiro da agonia
Mal pude parar pra respirar.
Ar.

Tanta história 
Dias de paz, de luta, glória e guerra
Tenho tudo na memória
Enraizado aqui, agora.
Terra.

Tanta vida
Que nós perdemos nesse velho jogo
Nos encontramos e é sempre assim
Sempre quente feito prato de comida.
Fogo.

Tanta mágoa
Que há de se esvair e escorrer
Lavando e levando pro fundo do mar
Até o nosso dia de novo chegar.
Água.

quarta-feira, 7 de setembro de 2022

Aprendendo a Nadar

Sinceramente
A sensação de saudade
É um sintoma da intoxicação 
Daquele antigo amor de meias verdades

Onde se dizia A
Querendo que se entendesse B
Mas, era o C de conflito
Que fazia questão de aparecer

Sinceramente
Sei que sinto muito ainda
Ainda há muita água pra rolar
E se não me afogar
Pode ser que eu aprenda, dessa vez, a nadar

terça-feira, 23 de agosto de 2022

Desapaixonando

Como um bom apaixonado
Vivo aos cantos a sorrir
Assim como sei apaixonar
Também sei a hora de partir

Meu coração jaz agora aos teus pés
Pise-o se não mais lhe servir
Eu sequer sentirei dor
Tampouco estarei por aí

Apaixonar-se é maravilhoso
Mas, toda paixão é também um sofrer
O apaixonado começa feliz
E no fundo, sempre sabe que vai se foder

Eu mesmo já nem ligo mais
O estado apaixonado é meu esporte
Gosto até de quem nem me sabe
E assim vou aprendendo a ser forte

Minha sina de poeta depende da paixão
A sensação é quase sempre incrível
Vou me apaixonando e desapaixonando
Sigo, um romântico incorrigível.

domingo, 21 de agosto de 2022

Quatro

Elis chegou primeiro e disse:
Que agora venha Alice!
E elas esperaram maluquinhas
O dia do Evan nascer!
E completaram a fileirinha
Naquela sexta-feira 
Quando viram a pequenina Aimê.
Quatro pingos de chuva
Quatro dedos de luva
Quatro cachos de uva
Quatros histórias de amor.
Corações fora do peito
Minhas caras, minhas falas, meu jeito
Minhas saudades diárias
Meus pequenos botões de flor.
Cada um à sua maneira
Conquista o seu espaço.
Em cada briga ou brincadeira 
Tão diferentes e tão iguais
Mesmo crescidos, para este pai
Serão sempre bebês nestes braços.
Quando formamos nosso quinteto
Toda tristeza se esvai
Pode ser até que eu chore 
Emocionado ou enlouquecido
Cada vez que ouço me chamarem, pai. 
Meu reconforto
Meu refúgio, o meu depois
Minha vontade de viver.
Meu coração tem quatro nomes
Quatro polos
Quatro cantos
Elis, Alice, Evan e Aimê. 


sábado, 20 de agosto de 2022

Sinto Muito

Sinto muito
Eu sinto muito sim
Sinto tanto, tanto
Que me sinto assim
Sinto do mundo todas as dores
Sinto os cheiros das cores
Saberes e sabores de todos os amores
Sinto tanto e não tem jeito
Que tudo não me cabe no peito.
Tem dias em que eu quero explodir
Quero arrancar tudo de mim
E então olho o jardim
E sinto uma flor a me sorrir
Sorrio de volta
E o orvalho escorre do meu olho
Pelo meu rosto
Eu sinto o gosto 
E minha alma canta.
Eu sinto muito.
(Edson Teles - 20/08/22)

quinta-feira, 21 de julho de 2022

Santa Tristeza Desatadora de Nós

Eu sei muito bem que mal sei
Onde você quer chegar
Com estas mesmas questões
Parece ignorar o real
E na real me arrancar 
Quaisquer mil confissões
Para olhar no meu olho e dizer "eu sabia,
E agora não quero mais saber de você".

Mesmo eu sabendo que há tempos
Você já queria partir
E me implora que eu parta o seu coração 
O inocente que fui quando era criança
Tenta entrar na dança para ser o vilão.

Não tenho nome de santo
Não fiz catequese
Não precisa de tanto
É só pedir que eu vou
Mas, não ordene que eu cometa os pecados
Que aniquile seus sonhos, que eu roube nos dados
Esse jogo de amor e de ódio que agora
Nos está consumindo, nem nos deixa dormir.

Vou te dar só mais este beijo
Eu espero e desejo que este seja só
Não coleciono esperanças
Mas, guardarei as lembranças
Desatando este nó. 


domingo, 5 de junho de 2022

Dona Morte

Pode ser que ela venha hoje ainda ou amanhã ou quem sabe daqui a 10, 27, 56 anos. Não sei.
Sei que ela espreita, observa, estuda. Ouve as canções que eu ouço e as que eu faço, embora ela se desfaça em silêncio. 
O relógio dela possui uma pontualidade britânica. Ela nunca se adianta. Ela nunca se atrasa. É pontual. 
Nascemos sob seus olhos certeiros. 
Por que tanto medo se ela é uma certeza da vida? Talvez a única. Inexorável.
O que está no depois deste encontro é uma dúvida, é uma crença dos que têm fé, um vazio talvez ou uma continuação. Não importa. 
Ela não toma remédios e nivela todos os corpos. 
Que venha no dia certo e na hora certa, mas, que antes disso, aprendamos a viver a cada minuto. Perdoando e amando. Sorrindo e cantando. É preciso viver. Urgentemente. Antes que seu beijo nos leve. E que seu beijo nos seja leve. Amém.

Edson Teles

05 de junho de 2022
12h34

quarta-feira, 11 de maio de 2022

Última Vez

Já me apaixonei por tantos cantos
Mas, nenhum outro encanto
Tanto, tanto me encantou.
Nunca me vi tão rendido, vendido, freguês
Como quando me apaixonei pela última vez.
Não me lembro se era de tarde, de noite ou de manhã
Mas, me lembro daquela respiração
Do coração do pecado, me fazendo provar da maçã.
Me lembro da minha língua tocando a tua
Das nossas almas se roçando na lua
E de ver pela primeira vez, uma deusa nua.
Na última vez que me apaixonei
Foi tão forte que tive medo de uma morte rapidinha
Antes de desfrutar de todo mel contido na própria abelha rainha.
As borboletas do meu estômago se materializam em você
E elas batem asas até hoje, toda vez que vou te ver.
Mudaram os cabelos, mudaram as estações
Surgiram as pedradas, surgiram as prisões
Mas, nunca ceifou-se a liberdade de viver de novo estas sensações.
Teu amor é surreal
Inexplicável, forte, animal
Sutil, suave, leve, lindo
Eu rezo pra Deus, agradecendo pela graça de te ver dormindo 
E acho um abuso da natureza te ver acordar sorrindo.
Esse plantio deu flor
E dos espinhos deu dor.
Só o tempo poderá curar.
Você mora em mim e é a casa
Onde eu quero morar.
Rir dos nossos defeitos
Acarinhar e morar entre seus peitos
Onde as andorinhas cantam sem parar.
Meu coração parou de bater, e só conseguiu apanhar.
A última vez que me apaixonei foi a descoberta de um tesouro
Minha dama, minha amante, minha amiga, mãe do ouro.
Se não havia perfeição neste mundo
Nada perto do meu coração vagabundo
Agora existe o maior bem querer
Da musa que me inspira vida e que me ajuda a viver. 
Não quero mais nada da vida
Se minha boca não puder te beijar
Quero te deitar no meu abraço e os passos que meus olhos andarão
Sempre serão para te olhar. 
Da casinha de madeira de um parquinho infantil
Das noites malucas de sexo de uma paixão juvenil
Aos silêncios ocupados por uma solidão vil
Ao retorno dos nossos amores, de nossa alma gentil. 
A saudade tão grande que tenho da última vez que me apaixonei
É que não dormi mais uma noite ao lado da rainha que me fez querer ser rei.
Na última vez que me apaixonei você estava lá
E eu ainda apaixonado, peço perdão, 
E canto essa canção pra você voltar.

(06/05/2022)
1h29

Edson Teles

sábado, 1 de janeiro de 2022

Vôo pra Vida

Diante das intermitências da vida, aprendo e apreendo um viver. Quiçá novo, quiçá renovado.
Prostrado diante da luz que emana, eu agradeço. Silenciosamente. Singela e simplesmente.
Não sei se neste percurso tortuoso, por vezes tórrido outrora gélido, eu tenha me tornado mais forte ou mais preparado, sei que estou diferente.
Estou em construção, mas, me sinto pronto, seja lá o que isso queira dizer e para seja lá o que esteja por vir.
A súbita intervenção da morte não mais me assusta, contudo, encho-me de pena pela possibilidade de ir mais cedo e não poder vestir mais aquela gargalhada que sempre me serviu tão bem. 
Sigo feliz e acreditando na vida.
Agradeço a cada olhar que tenha se encontrado com o meu, por partilhar a perenidade de seu espírito, mesmo que por alguns segundos.
Vamos em frente! Vamos, enfrente!
O tempo tem pernas compridas, ao contrário da mentira, mas, o elo que une  ambos é que correm. Respiro. Antes de correr atrás do tempo. Abro bem as asas e vôo pra vida.
Feliz Ano Novo!! ❤️