domingo, 5 de junho de 2022

Dona Morte

Pode ser que ela venha hoje ainda ou amanhã ou quem sabe daqui a 10, 27, 56 anos. Não sei.
Sei que ela espreita, observa, estuda. Ouve as canções que eu ouço e as que eu faço, embora ela se desfaça em silêncio. 
O relógio dela possui uma pontualidade britânica. Ela nunca se adianta. Ela nunca se atrasa. É pontual. 
Nascemos sob seus olhos certeiros. 
Por que tanto medo se ela é uma certeza da vida? Talvez a única. Inexorável.
O que está no depois deste encontro é uma dúvida, é uma crença dos que têm fé, um vazio talvez ou uma continuação. Não importa. 
Ela não toma remédios e nivela todos os corpos. 
Que venha no dia certo e na hora certa, mas, que antes disso, aprendamos a viver a cada minuto. Perdoando e amando. Sorrindo e cantando. É preciso viver. Urgentemente. Antes que seu beijo nos leve. E que seu beijo nos seja leve. Amém.

Edson Teles

05 de junho de 2022
12h34