segunda-feira, 15 de março de 2021

Pra Tua Festa, Não Me Covid

Bom dia, seu otário
Tá com saudade do rolê,
Mas, não se importa se vai ter
O seu próximo aniversário.
Se fosse só você
Furar a pandemia e só morrer
Aí tudo bem
Você teve autonomia pra escolher
E essa sua egoísta covardia
Mata tua mãe, meu pai e a outra tia.
Diz que tem saudade do rolê
Mas, desde quando? Cê tem certeza?
Vi você dançando com um copo de cerveja.
Cheio de amigos sem máscara
Porque está claro pra quem viu
Um otário, solitário, querendo ser aceito
E tua máscara caiu.
Os leitos estão lotados
E você pode ter dinheiro pra comprar a cloroquina
Pense: se tua mãe pegar corona,
Vai morrer na fila, na esquina.
Um vírus pelos corpos
Um verme no poder
Quase 300 mil mortos
E você sorrindo, bebendo no rolê
E você é a bactéria do sistema
Transmissor da ignorância
"Se eu pegar não tem problema"
Olha o tamanho da arrogância
Você me dá ânsia!
Saudade de aglomerar,
Vontade de morrer
Vontade de matar
Não se posiciona claramente
Tem uma reputação a zelar
Mas, já sei quem é, de fato
E sei de que lado está
Nega a dor dos outros
E se acha especial
Seu egoísmo é grosseiro
Não está tudo normal.
No fim das contas, eu só acho
Que só tem uma explicação
Se esforça para ser quem não é
Para curar as feridas de um abandonado coração
Marcas de um passado repleto de rejeição
Não tem nada a perder, desafia a morte
Triste fim, gole de cerveja
Para espantar a solidão
Gole de covid
E você continua parado, caído,
Bem no seu velho lugar
O chão.