segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Ciclo

Daqui a pouco 
o agora há pouco 
será ontem e o ontem 
já será ano passado!
O ano passado vai ser só saudade

E a saudade trará algo de outrora
E essa outra hora pode ser daqui a pouco.

Morre um Vagabundo

Morre um vagabundo.
Lamentam, os amigos.
Festejam, os inimigos.
Choram, as viúvas.
Surgem, os filhos.
Reclamam, os cobradores.
Tranquilizam-se, os devedores.
Aliviam-se, os pais.
Velam-no, os curiosos.
Apura, a polícia.
Acompanham-lhe, as moscas.
Devoram-no, os vermes.
Recebe-o, o diabo.
Santifica-o, o algoz.
Esquece-o, a sociedade.

Esquecer? A quem?
Antes mesmo de nascer já era um predestinado ao esquecimento
Já nasceu sendo ninguém e jaz na vala da indigência até hoje, morto
Putrefazendo-se como símbolo máximo de sua vaidade de vagabundo.
Não chegou a ser um problema social
Nem foi visto, tampouco citado.
Morre um vagabundo, e daí?