domingo, 20 de janeiro de 2013

Cinquenta Marrons de Bosta (A História Trágica de Jarbas e Leila)



AVISO: SE ACHOU O TÍTULO UMA BOSTA, NÃO CONTINUE LENDO!

O TEXTO TENDE A SER PIOR! E O FINAL, PODE ESPERAR, SERÁ NOJENTO!
LEIA O PRÓXIMO TEXTO QUE PODE SER BEM MELHOR QUE ESTE!


Jarbas teve uma infância normal. Era um garoto estudioso e feliz. Até o dia que marcou sua vida para sempre.
Naquele fatídico dia, Jarbas chegou da escola, adentrou a sala e ouviu gritos de sua mãe. Seu pai, tal qual o pai do doutor Sabino (já leu Nelson Rodrigues??), morreu em meio a um mar nojento e marrom. Não teve nem a oportunidade de ter, como ato derradeiro, o apertar da descarga. Esse foi o primeiro marrom que Jarbas guardou em sua memória de menino de 12 anos.
A cena chocou. Obsecou. Parava horas a fio observando os cães fazerem suas necessidades na rua e depois se aproximava pra ficar contemplando. Analisava cor, tamanho, cheiro, textura.
Jarbas foi crescendo e ganhando novas manias ao redor do fétido assunto. Uma delas era ouvir pessoas fazendo o popular número 2. Quando era possível até gravava os sons e ficava ouvindo, ouvindo, como se fosse música clássica.
Gostava também de espiar este ato sublime e íntimo. Qualquer oportunidade que tinha ou grudava o ouvido na porta ou o olho na fechadura.
Mas, ao mesmo tempo, carregava em si um medo tamanho de morrer feito seu pai.
Nas suas horas, tidas como sagradas, eu sempre seguia o mesmo ritual: lavava as mãos antes e depois, sempre levava consigo algo reconfortante para ler e uma garrafa d'água. Nunca tinha contato direto com o vaso sanitário, forrava-o com muito papel higiênico, talvez pra se preservar de ser contagiado pelo mal do pai cagão.
Jarbas, terminou o colégio, fez faculdade: biologia. Especializou-se em estudar as formas de excreção no reino animal.
Já tinha mais de 25 anos quando teve sua primeira namorada. (Outras vezes teve apenas romances curtos com diversas garotas, que normalmente o abandonavam por conta de algumas excentricidades. Observar cocôs de cachorro, por exemplo.)
Leila era linda, corpo escultural, inteligentíssima, simpática, conquistou Jarbas num primeiro contato. Claro, tinha que ser na porta do banheiro do shopping, enquanto ambos esperavam seus irmãos mais novos.
Jarbas era um gentleman, apesar de tímido e de se esconder por detrás dos óculos e da barba rala, sabia bem como falar às mulheres.
Começaram a namorar muito rápido. Paixão quente, fumegante, feito... enfim, deixa pra lá.
(...)
Num dia, Jarbas foi visitar Leila, que estava sozinha no apartamento que dividia com a irmã mais nova e uma prima do interior. Ela vestia uma camisetinha branca curta, que deixava a barriga à mostra e um shorts jeans, feito com uma velha calça desbotada. Ele uma camiseta branca básica e um bermudão cáqui. Quando a viu, desejou-a mais que em todos os outros dias. Ela sabia como provocá-lo e aquela era a grande oportunidade de se "conhecerem melhor".
Em poucos minutos já estavam nus se olhando. Ele deu passos à frente e sorriu, um sorriso nunca visto antes por ela.  Leila disse: já volto! E ele ficou atento, pode ser que ela fosse ao banheiro. Ao perceber que se tratava de problemas gastro-intestinais, correu à porta do banheiro. Entrou sem bater.
Leila deu um grito e tentou se esconder entre seus braços. O cheiro estava terrível e ela morrendo de vergonha. Jarbas estava louco. Olhos arregalados. Mãos trêmulas. Quase babava. Foi a primeira vez em quase 15 anos que vira alguém vivo no ato sublime da defecção.
Empurrou Leila para o lado, ajoelhou-se na frente do vaso e contemplou, ficou horas ali. Ela ainda tentou apertar a descarga, mas, ele impediu-a com o olhar apenas. E ela ficou em estado de choque, com a bunda colada no box. E ele ali estático. Plástico. Cínico. Clínico. Ilógico. Irreal. Imaterial. Inerte.
Passava das dezenove horas quando Leila saiu de seu transe e viu que Jarbas continuava ali. Ela saiu devagar, na ponta dos pés. Trancou a porta do banheiro. Vestiu-se e saiu.
Por volta das vinte e duas horas, ela voltou com a mãe dele, dois policiais e três amigos. Abriram a porta e...
Jarbas havia desaparecido. Não existia essa possibilidade, a janela era pequena e tinha grades. A porta não tinha como ser aberta depois de trancada por fora.
Mas, um fato intrigou os presentes: o vaso estava vazio.
Será que Jarbas fora sugado pelo vaso sanitário do apartamento de Leila?
Vasculharam o apartamento. Verificaram as câmeras dos corredores. Nem sinal de Jarbas.
(...)
Leila foi presa, acusada de assassinato e ocultação de cadáver.
Em momentos de grande tensão ela sofria com as pressões intra-intestinais, e assim que chegou à carceragem viu-se sem saída. Teve que enfrentar o banheiro do xilindró. Ao entronar-se, sentiu algo encostando em suas partes, logo reconheceu a mão de Jarbas que saia vaso afora procurando por ela.
Um grito. Um susto. Um colapso. Um coração que já não bate mais.
Leila infartou e morreu ali mesmo, chafurdada em suas próprias escatologias, tal qual o pai de Jarbas.
Dois meses depois da morte de Leila na prisão, a mãe de Jarbas estava em casa rezando o costumeiro terço às dezoito horas quando o filho bateu à porta e entrou. Fedia.
Sorriu, com os poucos cacos que lhe restavam como dentes e seguiu até o banheiro, onde o pai morrera. A mãe que estava muito assustada, não conseguiu dizer nada apenas seguiu o filho.
Ele sentou-se no sagrado vaso e desfez-se num lamaçal fétido e marrom. Não sobrou nenhuma parte inteira, desfez-se num multicolorido lamaçal marrom. Desfez-se em cinquenta marrons de bosta.

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