sábado, 13 de maio de 2023

Moça-Poema, Mulher-Canção

Uma hora dessas 
Eu te faço de canção
Faço de você poema
E afago teus cabelos 
Como cordas de violão.
Te declamo em praça pública
Me derramando feito vinho
Sangrando todo adjetivo 
Como se, ferido por espinho 
E não há cálice que cale
Um poeta em desalinho.
E o sol do teu sorriso
Vai renascer na tua boca
E toda hora vai ser pouca
Pra eu te cantar, mulher-canção.
E quando chegar a noite
Ainda estando em pensamento
Me transmuto em instrumento
Pra poder te cantar de novo.
Na beira de uma fogueira
Cada brasa e cada brisa
Vai dançar a tua dança
Vais brincar feito criança 
Até que venha o amanhecer. 
Mas que noite foi essa?
Parece que bailei à beça
Mal sinto os meus pés
E se eu bem me lembro
Tive um sonho diferente
Você era onipresente
E estava em toda parte
Diluída em toda arte
Representando o que há de bom
O que há do ser
O que há por vir
E tudo cantava no seu tom
Seu dom de ser
E aquele jeito encantante e escancarado de sorrir.
Acordei brindando à vida
E meu velho coração 
Até errou as batidas
Saiu do compasso
Sambou no vazio-espaço
E voltou à harmonia
No conforto desse teu abraço.
Isso já tá parecendo uma oração
Mas só fiz rimas pra dizer
E te cantar, moça-poema
E te dançar, mulher-canção.

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