segunda-feira, 25 de março de 2013

História de Filme Que Deixa a Gente Com Raiva no Fim

Ele gastou horas escrevendo o e-mail perfeito. Checou e revisou todas as palavras e ideias mais de dez vezes. Ela já o recebeu, mas, deixou pra ler mais tarde. Não deu tempo.
Ela estava saindo para o almoço quando o inesperado fez um surpresa. Um vagabundo qualquer que liderava um bando de bandoleiros do asfalto quente pegou-a pelo braço e disse "nós vamos ali, neném!".Seu coração faltou sair pela boca, nunca havia suado tão frio na vida. O cara saiu rua afora arrastando-a e ela num misto de medo e vontade de gritar, seguia a trilha sem titubeios.
Nunca tivera se sentido tão segura na vida. O vagabundo canalha tinha uma pegada, mil vezes maior do que a do frouxo do namorado. Que perdia tempo com imbecilidades do tipo flores e poesia. Esse não, era diferente, era másculo, forte, poderoso.
Envolta em pensamentos quase eróticos, ela chegou no cafofo, onde outros homens armados fizeram reverência ao rei. "É aqui, neném, tá afim de morar aqui comigo? Largue toda a sua vidinha de almoço de domingo-parque-missa. Grana, segurança, pegada forte e tudo o que você achar que tem direito nesse mundo. Tá afim?"
Ao invés do bandido, quem se rendeu foi a refém e caiu na cama do crápula.
Enquanto isso, o namorado esperava uma resposta. E esperou e chorou todo o tempo em que a polícia  a procurava, a família se desesperava com o sumiço repentino da moça de família que se foi com um vagabundo qualquer raptada na hora do almoço.
Uns choravam e ela comemorava. Virou a primeira-dama do crime, aprendeu a atirar, fumar e outras coisas que não convém contar. Tornou o vagabundo um empresário do crime, mudou seu guarda-roupas e sua forma de falar. Fez o negócio prosperar.
O ex vagabundo já estava tão feliz com os negócios que sonhava em largar o crime. Mas, toda que essa ideia lhe passava pela cabeça e escorria-lhe pelos lábios ela dizia "Tá querendo fuder o negócio, pô? Vou estourar sua cabeça na próxima vez em que cogitar honestidade nesse lugar!"
Ele chorou. Aquele que no começo do texto eu tratei de vagabundo e que a esta altura do campeonato tornou-se ele, chorou.
Foram se deitar. Já fazia dois anos que o tal do ex namorado havia mandado o e-mail e até agora ela não tinha aberto ainda e ninguém sabia por onde ela andava.
Naquela noite, o homem durão, cheio de pegada, que fazia e acontecia, havia chorado. Não se sabe se era raiva, vontade de voltar no tempo e não agarrar ninguém na rua, não se sabe.
"Seu porra, pega um drink pra mim"
"Seu porra? Seu porra?" Aquelas palavras fizeram a cabeça dele girar. E ele caiu, teve um acidente vascular cerebral. Morreu ali mesmo. E ela disse aos empregados "Seus merdas, tirem esse porra daqui! Joguem no lixo, toquem fogo, mas, não quero mais saber dele, morreu, morreu, que deuzutenha!"
Resolveu ir ao computador do falecido e abrir sua velha caixa de e-mail. Quando viu aquele com título "Com Todo o Amor que Houver Nessa Vida" e o remetente sendo o ex namorado, uma lágrima escorreu, ela deu um quase sorriso e clicou para abrir o e-mail. A polícia chegou trocando tiros com os capangas, agora dela. O primeiro atingiu o monitor do computador, o segundo sua testa. É, não deu tempo.

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