domingo, 15 de abril de 2012

O Homem Longínquo

O homem longínquo que bate seus dedos em duras teclas de sua alma de poeta, faz gotejar pequenos versos na tela e deles cria um quase sorriso em sua dura face.
Mastiga um pedaço de pão amanhecido. Molha-o com vinho barato e o faz descer pela garganta, que há muito não faz nascer nenhuma palavra sonora. Suas palavras transcendem as palavras comuns.
Palavras da alma? Palavras de calma?
Não sei que palavras são essas, não entendo, mas sei que necessito delas...
Aliás, que maldito homem é esse, que nada fala e muito diz?
Será essa sua receita pra ser feliz?
Sua tristeza e sua solidão ele mata a cada minuto recluso em sua fábrica de poemas. Longe das mazelas, longe dos problemas. Cria suas mazelas e seus próprios problemas nos fundos, no quintal, e quando, gordos, assa-os e serve-se.
E lá, bem longe, no alto da serra, dorme o homem longínquo.
Amanhã é dia de fazer poesia. A poesia do mundo...
E o mundo não pode esperar.
Enquanto existe poesia, existe esperança, existem domingos de sol com barulhos de risos de crianças.
E quando morrer ao longe o longínquo homem?
O que será de nós?
Virá um Zaratustra nos trazer uma novidade?
Virá algum alguém pra nos contar a verdade?
Silêncio...
Dorme aqui o homem longínquo...
(Texto de Janeiro de 2009)

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