quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Paciência

E eu?
Eu finjo ter paciência.
Diante das urgências
E das insurgências
Dos malogros e maledicências
Minha blindagem, meu norte
Ainda é a paciência
Ou fingi-la.
Finjo tanto
Tanto, tanto
Que ela me abraça 
Me acalenta
Me acalma
Me realma
Nestes tempos desalmados
Antes que eu me transfigure
Também, num desalmado.
Tristes daqueles que vivem assim
Sem sal, sem alma
Enchem seus bolsos 
Mas, se mantém vazios
Comandados pelo frio 
Pelo retilíneo
Pelo inflexível 
Pelo incircunflexo
Pela ilusão da segurança
Pelo sem nexo
Sem sexo
Pela cinzitude.
Este é o que está aí
Não sorri
Não dança 
Não desliga
Não descansa 
Só desgasta
Se arrasta.
Derrete
Despersonaliza
Padroniza
Fica igual
Uniforme
Disforme
Normal.
Seguindo as normas
Sob as rédeas
Preso às redes
Onde faltam janelas
Constroem mais paredes.
E eu? 
Mesmo que macambúzio,
Ainda resguardando
No fundo da garrafa
Uns goles de consciência
Eu sei que, 
Por vezes, fujo
Mas, não me sujo
Apenas
Finjo ter paciência.
(Edson Teles)

sexta-feira, 7 de março de 2025

Poemúnculo Sobre o Amor Que Sinto

O que sinto não me assusta
Não me ofusca
Não me sufoca
Ao contrário, 
Me liberta
Choro poesia
De alegria
Todo dia
Pelos olhos da minha alma de poeta...
                   [Edson Teles]

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Olhos de Paixão

Te desejo tão desesperadamente 
Quanto inesperadamente você apareceu
E apareceu num repente, num rompante
Feito flor que desabrocha
E deslumbra.
Você sempre esteve aqui
E me pergunto como não me vi?
Como não me vi refletido no mar
Contido aí nesse olhar?
Como, naquele abraço aquele dia,  
Eu sequer ousei querer morar?
Te ofereço rimas tortas
Porque foi no susto
Que inaugurei seu busto
Na praça da minha mente 
E penso em você loucamente
Num desespero inesperado
Como se tivesse passado
Uma centena de anos
Longe do teu lado.
Eu já te amava, amiga
De outro jeito
Com outro sabor
Mas, seja como for
Já estava aqui no coração 
Agora, as borboletas batem as asas
E causam este furacão.
Meus olhos mudaram
Só te vejo agora
Com estes meus olhos de paixão...
[Edson Teles]